Gilberto - O
Desencarne
O
desencarne seria muito mais fácil para aquele que parte. Principalmente, sem os
liames que o prendem à matéria. Isso seria possível se o encarnado cumprisse
alguns quesitos, principalmente por aqueles que lá vão para se despedir do
corpo que jaz inerte, mas que inúmeras vezes escuta os comentários ao seu derredor.
Embora não compreenda o motivo por que é criticado.
A melhor
postura dos que vêm se despedir do companheiro que passa para o plano
espiritual, são pensamentos bons emitidos, preces em favor daquele que parte
criando em redor do mesmo a paz tão almejada.
Para que isso
aconteça é necessário ficar perto do caixão pessoas que realmente amavam o que
está partindo e que não emitam pensamentos desairosos contra o mesmo, tampouco
fiquem discutindo, tecendo comentários desairosos contra o mesmo, nem fiquem
discutindo tecendo sobre as consideradas falhas daquele que parte.
Infelizmente,
comentam as falhas das pessoas sem saberem o motivo porque são assim. Tiveram
uma infância e juventude sobre o beneplácito do Senhor e nem sonham que outros
não sejam assim sem aquilatar que a criatura desencarnada também teve uma vida
doirada, e que não sofrem as intempéries do tempo indo a escola descalça e não
agasalhada, para não gastar os sapatos e agasalhos novos. Não sabem que ela
sofreu desilusões no casamento, quando o esposo arrumou uma amante tendo filhos
com ela. Abandonou a esposa com dois
filhos pequenos para criar e alimentar, sem ajudar financeiramente. Perturbada
pela dor que consome tentou o suicídio, e esteve internada num sanatório. Até
que finalmente teve algum tempo de paz, com algumas rugas existentes em todos
os casais.
Sofreu depois
com a vida cotidiana, mas tinha um teto para morar, e alimentos para se
alimentar.
Saldou um
carma pesado, angariado em diversas encarnações. Mesmo assim era criticada pelo
seu modo de ser, devido a vida que levava. Viveu sempre na amargura e na
amargura recebia suas visitas.
O perispírito
geralmente fica preso à matéria servindo de intercâmbio entre o espírito e a
matéria por dois ou três meses. O desencarnado preso a matéria necessita de
conforto devido a saudade sentida, e procura muitas vezes aqueles que amaram na
matéria. Portanto, não é justo o que muitos vêm fazendo. Procurar se livrar do
desencarnado que os procuram a fim de matar a saudade por meio de rituais
infindáveis para afastá-los do seu aconchego.
Comumente
também os familiares no afã de se livrarem das coisas particulares do
desencarnado, procuram dividir seus haveres, e doar as coisas mais velhas que
possuem dando para creches, asilos. Quando de bom alvitre esperar um ou dois
meses para fazerem isso, para o seu perispírito ter um melhor equilíbrio. Para
ajudar o desencarnado, temos que procurar os abandonados da sociedade, os chamados
de paupérrimos e começar a se preocupar com eles. É uma transformação lenta, é
dar para quem realmente necessita.
Não é a doação
de objetos que foram deixados que vai retomar a pessoa a alma de quem vai e de
quem fica. Os que assim pensam já demonstram falta de amor ao próximo.
Vamos retomar
as críticas, os que criticam num féretro estão contribuindo para que o encarne
de entidades trevosas pululem o ambiente e devido às críticas, ao disse me
disse muitos encarnados são convidados a se retirarem da sala onde está
efetuando o velório.
Inúmeras vezes
temos que manipular uma espécie de gelatina branca transparente para separar
encarnados e desencarnados que emitem maus pensamentos, capciosos e críticas do
local onde se encontram, afastando dessa forma as entidades que se alimentam
desses pensamentos.
Essa gelatina
parece-se mãos com um plástico grosso transparente. E a sala onde está o
desencarnado torna-se dois ambientes totalmente diferentes. Um leve e ameno e o
outro denso, pesado. Cada qual fica então do lado que tem mais afinidade.
Não podemos
pedir à família que se despede de um ente querido que não chore. A revolta
prejudica, mas as lágrimas são o grito da saudade e da tristeza. Pedir a alguém
que não chore é falta de piedade, o que não se deve e demonstrar desespero,
gritar revoltado, cair sobre o caixão fazer coisas que desequilibrem tanto o
encarnado como o desencarnado.
Muitas vezes,
no quarto ao lado destinado ao repouso dos familiares, fica abarrotado de
comida e sanduiches. Os encarnados comem, falam de política, jogos, mulheres
até de bebidas, pilhérias, mais parecendo uma festa, sem o devido respeito para
com o desencarnado. Com isso os espíritos atrasados que não gostam de sair do
cemitério se apraziam de lá ficar para saborear os alimentos. Um deles
sentou-se perto de uma mulher que comia, comia sem parar. Se ela soubesse, que
cada vez que buscava o alimento, estava alimentando três espíritos ao mesmo
tempo, pois julgavam que a comida da crosta é a melhor que existe. As bebidas
então faziam com que o olhar deles brilhassem. Um deles ainda comentou:
- Por isso que
eu gosto de vir em enterro de gente rica. A classe média e os mais pobres, só
servem cafezinho e chá de cidreira.
Dessa forma
meus irmãos podemos observar que no instante da morte, o desprendimento do perispírito,
não se completa subitamente que ao contrário se opera gradualmente e com uma
lentidão muito variável conforme o indivíduo. Enquanto outros é bastante rápido
podendo dizer-se que o momento da morte é o momento da libertação. Em outros,
naqueles cuja vida foi toda material e sensual o desprendimento é muito menos
rápido durando algumas vezes dias semanas e até meses.
Cada qual
recebe de acordo com sua semeadura.
Gilberto
Psicografada no núcleo de trabalho em 23/10/2006.
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