Luiz Lamas - Sem Língua
Nhô Lau com Nhá Rosa
Tinha uma amizade formosa,
Mas Nhá Rita, coitadinha,
Era egoísta e ferina.
Principiou, então, a falá,
A vida deles, com mardade,
comentá,
Acabou com a bela amizade,
Batendo a língua nos dentes, com
tenacidade.
Mas, os pobres coitados, culpa
não tinha,
Era a marvada língua ferina
Que julgava os outros, como a si
mesma,
Mostrando como era má, não tendo
consideração
Para com todo os seus irmãos
Nhá Rita desencarnou,
Pru outro lado passou,
Foi julgada, inclementemente
Julgada, por más línguas,
mormente.
Quando foi assim atacada,
Ficou aparvalhada...
Gritou: isso é calúnia,
Que meu espírito importuna!
Por que, Deus meu,
Permites isso com um filho Teu?
O Alto então respondeu:
- Recebes o que fizeste em todo o
teu apogeu.
Com tua língua ferina,
Transformaste a sincera amizade
Em amor impuro, com maldade.
- Desfizeste, com a língua,
muitos lares;
Conturbaste muitos ares;
Terás que, à Terra, retornar,
A fim de teus débitos nela
saldar.
- Reencarnarás sem a língua, que
te perdeu,
Para o próprio bem teu,
Pois pouco tempo te resta, agora,
Para saldares os débitos de outrora.
- Aproveites a encarnação,
Saldando débitos com resignação,
Aprendendo de antemão,
A não te utilizar da língua, em acusação.
Luiz Lamas
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